Palavras-chaves para refletir sobre economía

Palavras-chaves para refletir sobre economia

Martín Valmaseda


Antes se dizia que “tudo está nos livros”. Agora se diz que “tudo está na internet”. Para se ter pistas de materiais que sirvam a educadores e animadores de grupo, para suas atividades de conscientização e educação popular, antes se recomendava livros, filmes, documentos... Agora temos que ter, com algumas pistas e sugestões, uns “links” a internet...

Vou oferecer-lhes uma espécie de dicionário, com nomes de pessoas, associações, publicações... com uma breve explicação. E adicionarei algum link especialmente orientativo. As palavras sublinhadas são as que podem servir de base para pesquisa, no Google, por exemplo. Vocês, por pouca experiência que tenham, poderão, entrando pela porta desses links, encontrar muitas outras pistas, e materiais de sobra.

Nesses momentos de crise econômica, cada dia surge uma teoria ou iniciativa nova que tentam dar sua contribuição para retirar a economia mundial do poço em que tem caído. Mas podemos começar por personalidades históricas, que há anos se adiantaram em ideias e práticas de seu tempo.

Doroty Day, Peter Morin... animadores no coração do capitalismo norteamericano, de uma visão cristã e socialista, apoiados no periódico Catholic Worker. Utilizam uma palavra para marcar uma economia solidária e personalizada: o distributismo.

Guillermo Rovirosa: fundador da HOAC (Hermandad Obrera de Acción Católica). Com uma forte vivência cristã e social, publicou, entre outros estudos, o manifesto comunitarista, que pretende superar atitudes do comunismo real nos aspectos em que um fiel encontra menos respeito à pessoa; mas ao mesmo tempo enfrenta as estruturas capitalistas mais opressoras de pessoas e comunidades; mesmo que não seja para buscar uma opção intermediária, e sim uma experiência diferente. O mesmo que vão tentando e oferecendo os economistas e pensadores se seguiram.

Christian Felber: é especialista em economia sustentável e alternativas para os mercados financeiros. Tem desenvolvido um novo modelo internacional, denominado “Economia do bem comum”.

Felber é criador do chamado Banco Democrático. Sua abordagem básica, como os de muitos pesquisadores da outra economia, se baseia no desenvolvimento de valores morais, diante do predomínio do lucro e a concorrência, diretrizes em toda economia capitalista. Vê-se: www.gemeinwohl-oekonomie.org/wp-content/uploads/2011/02/Economia_do_bem-estar_comum_PORTUGUES.p

• A Associação pela Tributação das Transações Financeiras para Ajuda aos Cidadãos, ATTAC, é um movimento internacional outromundista, que promove o controle democrático dos mercados financeiros e das instituições reguladoras.

• Para aprofundar as propostas de uma economia solidária, é importante derrotar as ideias dominantes. Isso é o que faz A doutrina do choque: o auge do capitalismo do desastre, análise de Naomi Klein, jornalista canadense. A autora, criticando Friedman e a escola de Chicago, defende a teoria de que as medidas impopulares se apoiam nos choques, nos impactos e tragédias, naturais ou provocadas, que deixam os cidadãos sem reação e nas mãos de quem os manipulam. Pensam, por exemplo, no que se sucedeu em torno das Torres Gêmeas, o que aproveitou o governador de plantão para reafirmar suas posições globalizantes de domínio e invasão econômica e militar. Veja-se: www.youtube.com/watch?v=Y4p6Mvwp. Buscaremos, agora, respostas positivas a essas análises, sobre o que a economia tem feito em todos os países.

• Na Espanha, tem percorrido como pólvora o livro Há alternativas, de Vicenç Navarro, Juan Torres López e Alberto Garzón, com prólogo de Noam Chomsky. Está disponível na rede, em espanhol, em formato pdf, e se localiza rápido no Google. Muito útil para um trabalho em grupo. “Só fazendo com que o público saiba o que de verdade está acontecendo em nossa economia, e divulgando as alternativas que existem diante dessa crise aguda do capitalismo, é que poderemos sair dela”. Sua análise vale não só para a Europa...

• O economista chileno Max Neef adquiriu experiência alternando trabalhos em empresas norteamericanas com suas pesquisas e propostas na América do Sul. Suas obras mais destacadas são duas teses, que denominou Economia descalça e Economia em escala humana, que definem uma matriz que abrange nove necessidades humanas básicas: subsistência, proteção, afeto, compreensão ou entendimento, participação, criação, lazer ou ócio, identidade e liberdade. Propõe, além disso, uma décima necessidade, que prefere manter separada das anteriores: a transcendência.

• Uma ideia chave, que tem feito famoso o Nobel de economia Joseph Stiglitz: só 1% da população é o que representa a classe poderosa que controla o mundo de acordo com seus interesses; frente a 99%. Tema importante para dar-se conta da desigualdade e de que estamos todos debaixo do domínio de uma porção insignificante da humanidade que, não obstante, nos tem “sugado até o cérebro”.

• Em outubro de 2011, o Pontifício Conselho de Justiça e Paz publicou o documento Para uma reforma do sistema financeiro e monetário internacional na perspectiva de uma autoridade pública de competência universal. “Ainda antes da lógica da comercialização dos valores equivalentes e das formas de justiça, que lhe são próprias, existe algo que é devido ao homem porque é homem, com base na sua dignidade”.

•Luis Razeto (Teoria econômica compreensiva, economia solidária, desenvolvimento sustentável) nos reafirma, como economista-humanista, a conciliação de dois termos que parecem contraditórios: “economia... solidária”. Em www.luisrazeto.: o autor oferece gratuitamente artigos, livros, vídeos e cursos.

Quando essas reflexões vêm de teólogos ou moralistas, os economistas “de sempre” torcem o rosto; mas não é o mesmo quando são economistas de categoria, com uma base teórica ética, que analisam a situação. Então se veem na corda bamba e não têm alternativa, senão refugiar-se atrás dos políticos e banqueiros que, ainda que queiram dissimulá-lo, são especialistas em “economia interessada”.

• Noam Chomsky focou o prólogo do livro citado Há alternativas num tema que definiu como a Guerra de Classes Unilateral, guerra que as plurocracias – elites dominantes – estão levando a cabo em muitos países frente às classes populares, a maioria da população. Essa análise de Chomsky contradiz à visão moralizante de muitos círculos eclesiásticos, que se escandalizam diante da luta de classes, vendo-a como uma rebelião injustificada, iniciada pelos de baixo...

• Importante e útil é o blog de Juan Torres López, juantorreslopez.com, com afinadas análises científicas da situação e pistas para novos caminhos.

• “A História das coisas” , documentário de 20 minutos, de Annie Leonard, apresenta uma síntese crítica da cadeia industrial: extração – produção – distribuição – consumo – resíduos... (e a proposta de “outro caminho”). Muito útil e pedagógico para jovens e adultos. No Google, se encontra com agilidade.

• Outro documental crítico frente à economia atual, de maior duração, é “a globalização do tio Sam”. Através de um irônico juízo a Margaret Tatcher e ao Tio Sam, vários economistas oferecem pistas para uma nova economia. Produzido por ECOE, pode-se encontrar no blog de CAUCE: www.equipocauceguatemala.blogspot, ecaucevideos.blogspot.com/p/sociales.html.

• Não só os economistas, mas também teóricos, escritores, poetas, contribuem com seus pontos de vista críticos. É interessante refletir, por exemplo, a entrevista de Eduardo Galeano no youtube.com/watch?v=ICsnSAyJABY&feature=related.

• Os folhetos “Cristianismo e justiça” www.fespinal.) dos jesuítas catalãos reúne múltiplos trabalhos sobre novos enfoques econômicos.

• No sítio do Movimento Camponês Popular – MCP, encontra-se uma análise de conjuntura feita a partir dos movimentos sociais: www.mcpbrasil.org.br/biblioteca/educacao-popular?start

• No sítio do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, encontram-se vários artigos sobre o tema da energia, a conjuntura que a envolve, os interesses e as lutas de resistência. Veja em: www.mabnacional.org.br/?q=artigos

• Poderá encontrar vários materiais de apoio para debates no sítio do CEPIS, Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiae: sedes.org.br/site/cepis.

• Uma reflexão feita pelo professor Dorival Gonçalves Junior analisa a transferência do setor elétrico pública para o privado. Com base nessa reflexão, entende-se o debate sobre a exploração dos recursos naturais. Veja em youtube.com/watch?v=QdrKfWD3zCs.

• Consulte duas palavras-chave para compreender o momento atual: crise econômica e trabalho humano. A crise foi gerada pelo acúmulo desenfreado do capital e vai custar caro aos trabalhadores, pois os mais ricos não se sacrificarão para superá-la. Como os trabalhadores podem se apropriar de toda riqueza que produzem?

 

Martín Valmaseda

Cobán, Guatemala, equipocauce.com