Mártires Latino-americanos da Ecologia

Mártires Latino-americanos da Ecologia

Antônio Carlos Pereira Da Silva, Tonny


Chico Mendes, Mártir da Floresta-XAPURI-AC 1988/12/22

Francisco Alves Mendes Filho, Chico Mendes, acreano, nascido no seringal Porto Rico, em Xapuri, se tornou seringueiro ainda criança, acompanhando seu pai. Lutador e líder seringueiro foi toda a sua vida, no sindicato, na política, pelos meios de comunicação social. Em outubro de 1985 lidera o primeiro encontro nacional dos seringueiros quando foi criado o Conselho Nacional dos mesmos. E Chico passa a ser uma referência nacional e internacional, de admiração por parte de todos os militantes da justiça social e da ecologia, e de ódio por parte de todos os destruidores da vida da floresta. Entre muitos prêmios e reconhecimentos nacionais e internacionais, recebeu o prêmio “Global 500”, oferecido pela própria ONU.

Tombou morto no dia 22 de dezembro. Na sua última viagem a São Paulo e Rio de Janeiro, o sindicalista havia mais uma vez denunciado as injustiças sofridas pelos seringueiros, vítimas da exploração dos seringalistas e das ameaças constantes dos jagunços. Chico Mendes propunha a transformação dos seringais do Acre em reservas extrativistas que garantissem aos seringueiros, castanheiros e pescadores artesanais uma vida digna, conciliando o desenvolvimento econômico com a preservação da floresta.

Recolhemos aqui palavras de Chico Mendes: “Somos contra a devastação causada pelo mau planejamento que tem tomado conta da Amazônia sem a participação das pessoas que vivem lá. A pecuária, economicamente, nada trouxe à região. Ela só serve para concentrar a terra na mão de poucos. Minha esperança é que os governos dos povos que dão dinheiro ao BID ouçam as reclamações dos seringueiros. Senão, a floresta certamente será destruída”.

youtube.com/watch?v=JoTHmdqz6lw

Oscar Fallas, Jaime Bustamante, David Madariaga,

Mª del Mar Cordero, COSTA RICA 1994/12/07

Os quatro eram líderes nacionais do movimento Associação Ecológica Costarriquense (AECO), e suas lutas incansáveis, organizadas, atingiam poderosos interesses econômicos e políticos, também multinacionais, como por exemplo, o projeto da Ston Forestal.

Os quatro viviam a paixão da Terra amada e para todos. “Sonhando e empurrando!”, repetia Oscar. Eram “ecologistas de coração”, como proclamava Jaime: “para que o futuro não seja somente uma esperança”. Poetas e profetas “da fogueira da utopia”, como escrevera David. Morreram queimados, desaparecidos, vítimas do ecocídio, mártires da Ecologia.

Irmã Dorothy Stang, ANAPÚ, PA, 2005/02/12

Dorothy Mae Stang era uma religiosa norteamericana naturalizada brasileira, da congregação religiosa das Irmãs de Nossa Senhora de Namur. Em 1966 iniciou seu ministério pastoral e social aqui no Brasil, na cidade de Coroatá, no Estado do Maranhão. Dorothy estava presente na Amazônia de a década de 70 junto aos trabalhadores rurais da Região do Xingu. Sua atividade pastoral e missionária buscava a geração de emprego e renda com projetos de reflorestamento em áreas degradadas, junto aos trabalhadores rurais da área da rodovia Transamazônica. Seu trabalho focava-se também na minimização dos conflitos fundiários na região. Atuou ativamente nos movimentos sociais no Pará. Participava da Comissão Pastoral da Terra (CPT) desde a sua fundação e acompanhou com determinação e solidariedade à vida e a luta dos trabalhadores do campo. Defensora de uma reforma agrária justa e consequente, Irmã Dorothy mantinha intensa agenda de diálogo com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na busca de soluções duradouras para os conflitos relacionados à posse e à exploração da terra na Região Amazônica.

A sua participação em projetos de desenvolvimento sustentável ultrapassou as fronteiras da pequena Vila de Sucupira, no município de Anapu, PA, a 500 km de Belém do Pará, ganhando reconhecimento nacional e internacional. Em 2004 recebeu premiação da Ordem dos Advogados do Brasil (seção Pará) pela sua luta em defesa dos direitos humanos.

Irmã Dorothy recebeu diversas ameaças de morte, sem deixar intimidar-se. Pouco antes de ser assassinada declarou: “Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar”. Foi assassinada com seis tiros, um na cabeça e cinco ao redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005. O corpo da Missionária está enterrado em Anapu, onde recebeu e recebe as homenagens de tantos que nela reconhecem as virtudes heroicas da fé cristã.

youtube.com/watch?v=_B-7E_9oZdM

José Antonio De Aguilar e esposa, EQUADOR 2010/0225

Casal de camponeses foi encontrado morto, após anos de conflito com empresa madeireira no dia 25 de fevereiro de 2010.

Durante mais de dez anos, José Aguilar foi um defensor dos direitos da natureza e denunciou valentemente todas as atrocidades sofridas pelos camponeses locais, incluindo ele próprio. Seu testemunho foi colhido no vídeo a seguir, elaborado por companheiros da organização “Acción Ecológica”.

youtu.be/bpbCyqcJZHU

Além das violações mostradas no vídeo, José Aguilar foi ainda processado pela “BOTROSA”, por suposta organização de cooperativas falsas e invadir propriedade privada. A ação foi arquivada em 2008, após uma anistia concedida pela Assembleia Nacional Constituinte do Equador, em favor dos movimentos sociais criminalizados por defender seus direitos.

José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo dal Silva, Mártires e Heróis da Floresta

- NOVA IPIXUNA-PA 2011/05/24

José Cláudio, considerado sucessor de Chico Mendes, vinha recebendo ameaças de madeireiros da região desde 2008. José Cláudio da Silva era um dos principais defensores da preservação da floresta amazônica após a morte de Chico Mendes e constantemente fazia denúncias sobre o avanço ilegal na área de preservação onde trabalhava por madeireiros para extração de espécies como castanheira, angelim e jatobá.

Ele declarou: “A mesma coisa que fizeram no Acre com Chico Mendes querem fazer comigo. A mesma coisa que fizeram com a Irmã Dorothy querem fazer comigo. Eu estou aqui conversando com vocês, daqui um mês vocês podem saber a notícia que eu desapareci. Me perguntam: tem medo? Tenho, sou ser humano, mas o meu medo não me cala. Enquanto eu tiver força pra andar eu estarei denunciando aquele que prejudica a floresta”, afirmou. “Queremos um mundo em que o ser humano aprecie a natureza, viva cercado por ela e admire a castanheira, viva, na floresta, não como uma bela tábua em sua casa”.

youtube.com/watch?v=rsj9WqxdmSA

Berta Cáceres, mártir ambientalista, HONDURAS 2016/03/03

Coordenadora do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (Copinh), Berta Cáceres, foi assassinada em sua casa na madrugada de 3 de março em La Esperanza, na região oeste do país. Era líder da comunidade indígena Lenca e de movimentos de camponeses hondurenhos, defensora de direitos humanos e ativista ambiental.

Em 2015 recebeu o prêmio Goldman, considerado o Nobel do Meio Ambiente, em decorrência de sua luta em defesa das comunidades rurais hondurenhas. Na ocasião Cáceres afirmou “O que nos inspira não são os prêmios, mas os princípios. Com reconhecimento ou sem, lutamos e vamos continuar lutando”.

Cáceres dedicou sua vida a denunciar as expropriações e violação aos direitos humanos impulsionadas pelo governo em territórios ancestrais. Além disso, cobrou ampliação de serviços básicos de saúde e assistência rural. Também não se curvou diante das tentativas norte-americanas de implementar bases militares no território Lenca.

Berta Cáceres foi uma das principais lideranças na luta pela defesa dos territórios, num país onde o autoritarismo e a violência têm andado de mãos dadas com a outorga de concessões de mineração e a instalação de barragens. Em 2013 Cáceres foi presa por se levantar contra o projeto da barragem hidroelétrica Agua Zarca, que implicava o deslocamento forçado de comunidades Lenca que vivem nas áreas vizinhas ao Rio Gualcarque.

youtube.com/watch?v=kGONpR_SeTQ

 

Antônio Carlos Pereira Da Silva, Tonny

da Irmandade dos Mártires da Caminhada,

http://irmandadedosmartires.blogspot.com.es/